JP Morgan cria cargo para combater excesso de trabalho
O JP Morgan criou um cargo internacional para supervisionar o bem-estar de trabalhadores juniores, de acordo com o jornal The Guardian. A decisão ocorre após novos questionamentos sobre as longas horas e a segurança de funcionários sobrecarregados no setor bancário.
Ryland McClendon, chefe de diversidade e inclusão do banco, foi nomeada para a função recém-criada de “líder global de associados e analistas de banco de investimento”. Esse cargo foi criado para supervisionar o grupo mais júnior de bankers do JP Morgan. Segundo o banco, McClendon será responsável por apoiar o bem-estar e o sucesso desses funcionários, além de capacitá-los a entregar resultados para o negócio e os clientes.
Uma de suas primeiras tarefas de McClendon será avaliar como o banco vai implementar sua nova política interna que limita as horas de trabalho dos funcionários juniores a 80 horas por semana. Embora o limite tenha sido comunicado às equipes de banco de investimento, ele ainda não foi formalmente anunciado.
O JP Morgan, que emprega 330 mil pessoas ao redor do mundo, planeja ainda contratar mais bankers juniores para aliviar a carga de trabalho de seus funcionários. Essas medidas fazem parte de um esforço maior para combater a reputação dos bancos de Wall Street por jornadas de trabalho extenuantes, que causaram a morte de funcionários.
A cultura de alta pressão sempre foi um tema de preocupação no setor, mas o problema ganhou mais visibilidade em 2013, quando um estagiário de 21 anos do Bank of America Merrill Lynch foi encontrado morto após trabalhar 72 horas seguidas. Dois anos depois, um analista de 22 anos do Goldman Sachs tirou a própria vida, depois de reclamar de semanas de trabalho que chegavam a 100 horas.
Em meio à pandemia de Covid-19, o setor foi novamente pressionado a se reformar quando um grupo de 13 bankers novatos do Goldman Sachs expôs as condições de trabalho desumanas em uma apresentação que vazou para a mídia. Em resposta, alguns bancos ofereceram bônus de até US$ 20 mil e implementaram medidas como proibição de trabalho aos sábados, além de mimos como bicicletas Peloton e cestas de lanches.
Entretanto, os problemas persistem. Neste ano, o Bank of America perdeu dois bankers juniores em poucas semanas. Um deles, um operador de 25 anos de Londres, desmaiou e morreu em um campo de futebol, enquanto outro, um associado de Nova York, morreu de um coágulo sanguíneo. Ele havia reclamado de trabalhar mais de 100 horas por semana.
As tragédias reacenderam o debate nas redes sociais, com muitos argumentando que os profissionais juniores não têm outra saída além de abandonar seus empregos ou a indústria por completo.