Artigo 14/01/2025

Ativismo de investidores cresce em 2024

O ativismo global de investidores cresceu em 2024 e levou à saída recorde de CEOs no ano passado, de acordo com um relatório do Barclays, lançado no início de janeiro. O movimento foi destaque na imprensa internacional, como Reuters e Forbes. A expectativa é que a tendência continue a crescer este ano.

Em 2024, os investidores ativistas tiveram um papel crucial ao lançar um número recorde de 243 campanhas globais, com foco na mudança de liderança. Nos Estados Unidos, o número aumentou 6%, enquanto na região Ásia-Pacífico, a alta foi ainda mais expressiva, quase dobrando o número de campanhas, que passou para 66.

No ano passado, mais do que nunca, os presidentes-executivos estiveram na mira. Um recorde de 27 executivos foram substituídos, acima dos 24 em 2023 e da média de 16 nos últimos quatro anos, segundo dados do Barclays.

Os investidores não estão mais dispostos a esperar que as empresas mudem por conta própria, e exigem uma ação imediata. "Os investidores não estão mais dispostos a esperar pelas melhorias prometidas e estão dizendo: ‘Queremos que as empresas onde estamos investidos mudem agora’", afirmou Jim Rossman, chefe global de consultoria de acionistas do Barclays.

Mudanças estratégicas nas empresas

Embora o foco tradicional dos investidores tenha sido fusões e aquisições, 26% das demandas dos investidores foram direcionadas à melhoria da estratégia e das operações dentro das empresas em 2024, o que representa um aumento em relação a 19% em 2021. Enquanto isso, apenas 22% das campanhas pediram ações de M&A, como a venda de divisões de negócios ou a venda total da empresa.

Essa mudança reflete uma ênfase na necessidade de as empresas se adaptarem rapidamente às novas condições de mercado e às crescentes expectativas dos consumidores.

Possíveis motivos para aumento de saídas de CEOs

Vários fatores contribuem para esse aumento na rotatividade de CEOs. A aposentadoria de executivos da geração Baby Boomer se mistura com desafios empresariais inéditos, como pressões inflacionárias e problemas na cadeia de suprimentos, criando um ambiente propício para a renovação da liderança.

Além disso, a revolução digital e as novas demandas tecnológicas também elevaram as expectativas sobre os CEOs, que agora precisam estar tecnologicamente capacitados e manter uma presença forte nas mídias sociais e no público. Muitas vezes, isso leva executivos veteranos a deixarem seus postos em vez de enfrentar os desafios dessa adaptação.

Exemplos de saídas de CEOs

O Starbucks substituiu Laxman Narasimhan por Brian Niccol, enquanto Dave Calhoun, da Boeing, pediu demissão em meio a dificuldades enfrentadas pela companhia. A Intel e a Stellantis também passaram por transições executivas.

Outras empresas que viram mudanças em suas lideranças incluem a Paramount, que se despediu de Bob Bakish, e a Nike, que teve a saída de John Donahoe. Na Peloton, por sua vez, Barry McCarthy deixou o cargo de CEO.

O setor de varejo não ficou imune a essas mudanças. O CEO da Kohl's, Tom Kingsbury, anunciou sua saída após um período prolongado de dificuldades nas vendas. Da mesma forma, Sima Sistani, da WW International, renunciou após uma queda significativa no valor das ações da empresa.