Ronda da Governança #27
Trump volta a defender fim da divulgação trimestral de balanços nos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a pedir que a Comissão de Valores Mobiliários (SEC, em inglês) mude a obrigatoriedade de divulgação trimestral de resultados por relatórios semestrais. Segundo Trump, a mudança tem o objetivo de reduzir custos e permitir que gestores se concentrem em estratégias de longo prazo.
Em 2018, o presidente já tinha defendido a mudança, e o modelo chegou a ser apoiado por Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, e Warren Buffett. Na época, os empresários culpavam a pressão por metas trimestrais por prejuízos em investimentos em inovação, contratações e crescimento sustentável.
O fim da exigência trimestral também deve ser proposto pela Long-Term Stock Exchange (LTSE). O argumento é que a medida traria economia às companhias e ajudaria a renovar o mercado de capitais americano, que registra queda no número de empresas listadas.
Nasdaq defende flexibilização e foca em redução de custos
Depois do anúncio de Trump, a CEO da Nasdaq, Adena Friedman, sinalizou apoio à possibilidade de companhias listadas optarem por divulgar resultados trimestrais ou semestrais. Segundo a executiva, a medida reduziria custos, diminuiria a pressão por curto prazo e poderia fortalecer o mercado de capitais americano.
A bolsa já havia sugerido à SEC a padronização dos comunicados de resultados para substituir os formulários trimestrais. Para Friedman, isso ajudaria a “injetar energia” na economia.
Mas a proposta enfrenta críticas…
Mesmo que Trump e apoiadores defendam relatórios semestrais, a medida tem resistência no mercado. Investidores alertam que reduzir a frequência das divulgações poderia aumentar a volatilidade e reduzir a transparência. A medida ainda abriria margem para que empresas escondessem ou postergassem más notícias.
Especialistas afirmam que um dos diferenciais das bolsas americanas é justamente a exigência rigorosa de informações financeiras, então por que alterar o modelo neste momento? Jill Fisch, da Universidade da Pensilvânia, disse à Reutersque a mudança poderia comprometer a eficiência do mercado de capitais americano, que é considerado referência mundial.
Apesar das pressões, desde 1970 a divulgação trimestral segue obrigatória e ainda não há previsão para mudanças regulatórias.