Lições de governança no embate entre Disney e Trian Partners
O embate entre a The Walt Disney Company e o fundo ativista Trian Partners, liderado por Nelson Peltz, traz reflexões para profissionais de governança corporativa e relações com investidores. Apesar das críticas recebidas, a Disney manteve o apoio dos acionistas em assembleia. A análise desse episódio destaca quatro lições fundamentais, como escreveu Jean Benoit Roquette, para a Governance Intelligence.
1 - Contextualização das dificuldades setoriais
A Disney enfrenta desafios significativos nos últimos anos, como os impactos da pandemia de Covid-19 em produção e parques temáticos, além de mudanças no mercado de streaming. Esses obstáculos são comuns ao setor de mídia, e a empresa precisou reforçar aos acionistas que tais dificuldades não refletem apenas questões internas. Contextualizar problemas setoriais pode proteger a gestão de críticas e mostrar alinhamento com a realidade do mercado.
2 - Valorização de lideranças com histórico comprovado
Bob Iger, CEO da Disney, construiu um legado de criação de valor e liderança eficaz, o que manteve a confiança dos investidores mesmo diante de críticas sobre sucessão. Esse caso reforça a importância de líderes com trajetória sólida em momentos críticos e destaca a necessidade de comunicar de forma clara os planos de sucessão para evitar incertezas.
3 - Recompensa aos acionistas como estratégia defensiva
A retomada do pagamento de dividendos pela Disney durante a disputa foi uma decisão estratégica que demonstrou compromisso com a criação de valor para os acionistas. Essa medida ajudou a neutralizar parte das críticas dos ativistas e ilustra como manter acionistas recompensados pode ser uma defesa em momentos de pressão.
4 - Proatividade na implementação de mudanças internas
A Disney respondeu às críticas com ações concretas, como a nomeação de novos membros do Conselho e a adoção de medidas de reestruturação. Essa postura proativa reduziu a necessidade de intervenção externa, reforçando a posição da empresa como um agente de mudança.
Em sua análise, Benoit Roquette destaca como essas lições demonstram a relevância de alinhar estratégias de governança e relações com investidores para enfrentar pressões externas e internas de maneira eficaz. Essas práticas podem servir como guia para empresas em cenários desafiadores semelhantes.