Artigo 08/10/2024

Governança de IA deve ir além da conformidade regulatória

A governança da inteligência artificial (IA) não deve se limitar à conformidade regulatória, mas deve também englobar questões éticas e de responsabilidade organizacional, alertam especialistas da indústria. Durante um evento promovido pela Board Agenda e Diligent, Maria Axente, especialista em políticas públicas de IA da PwC, enfatizou que a liderança da governança de IA deve ser responsabilidade dos CEOs, garantindo que as decisões sobre o uso da tecnologia estejam alinhadas com os valores corporativos e não sejam tratadas apenas como questões de cumprimento de regras.

Axente destacou a importância da gestão ética em um cenário onde a IA está se tornando cada vez mais comum, incluindo em áreas delicadas, como o uso de chatbots em processos de recrutamento e departamentos de recursos humanos. Segundo ela, a administração desses riscos deve ir além do departamento jurídico, colocando a ética no centro das decisões empresariais e assegurando que as práticas da IA estejam alinhadas com o propósito da organização e a sociedade.

Um dos principais desafios é como integrar a IA nas operações corporativas de maneira que equilibre inovação com responsabilidade. À medida que novas regulações emergem para lidar com os riscos da IA, como as regras da União Europeia, as empresas enfrentam a necessidade de desenvolver estruturas que permitam não apenas atender às exigências legais, mas também garantir que a implementação da IA seja feita de forma justa e transparente. Axente ressaltou que a governança da IA precisa ser estratégica, e não apenas um exercício de mitigação de riscos.

No evento, também foram levantadas preocupações sobre a necessidade de incluir uma diversidade de perspectivas na governança da IA, especialmente em seu desenvolvimento e aplicação. A falta de uma abordagem inclusiva pode resultar em vieses sistêmicos, comprometendo a equidade e a eficácia das ferramentas de IA. Assim, garantir que a IA seja projetada e utilizada com um olhar diverso é essencial para mitigar riscos e promover resultados mais positivos para todos os envolvidos.

A governança eficaz da IA vai além da conformidade; ela exige liderança proativa, visão estratégica e um compromisso com a ética e a responsabilidade social. Os especialistas defendem que CEOs e conselhos de administração assumam a dianteira na orientação do uso da IA, promovendo uma abordagem que busque o bem comum e a inovação responsável, em vez de limitar-se a evitar punições regulatórias.