Artigo 30/04/2024

A Inteligência Artificial e o uso estratégico nos Conselhos

Por Larissa Caetano

Muito se fala sobre Inteligência Artificial (IA) hoje em dia. Desde conversas cotidianas até ambientes corporativos, essa tecnologia virou pauta pelo seu aspecto inovador e até mesmo transformador dentro dos negócios. Mas, de que forma a IA pode auxiliar os conselhos de administração?

Em entrevista à Boardwise, da Ânima Comunicação em Governança, o CEO e fundador da Innovation Intelligence, Luiz Neto, afirma que a gestão de dados pode facilitar, e muito, a tomada de decisões estratégicas por parte dos conselheiros. "Eles começarem a usar essas ferramentas que trazem dinamismo é extremamente importante, porque ajuda no desenho estratégico. Se não tiver isso, o concorrente vai estar fazendo, reduzindo custos ou vai estar com um funcionário melhor preparado", destacou.

Especialista em Inovação Corporativa e Inteligência Artificial, Luiz Neto vive há mais de 8 anos no Vale do Silício e ajuda empresas a aproveitar tecnologias emergentes para alavancar o crescimento e a inovação.

Confira os principais trechos da conversa:

Boardwise: Cada vez mais, as empresas enfrentam um ambiente de negócios mais complexo. Você acredita que a Inteligência Artificial já está ajudando os conselhos de administração a tomar decisões mais eficazes ou ainda há uma barreira?

Luiz Neto: Quando a gente está falando do conselho, a gente tem dois desafios. O primeiro e principal é o conselho ter uma pauta de Inteligência Artificial, isso ser discutido, ter uma política, entender como isso impacta. Você imagina uma empresa muito grande que o conselheiro não entende — vamos chamar um pouco de velha guarda —, e a gente está vivendo em uma transição agora. Como no Darwinismo, quem se adaptar melhor vai sobreviver, porque vai ficar muito difícil competir com isso. A gente está falando não só do campo da tecnologia, mas também do campo de treinar os nossos funcionários, no campo de contratação. A gente vem vendo a importância e relevância do RH nisso. O RH não pode ser apenas um executor, ele tem que ser um estrategista nesse momento, porque ele vai ajudar a definir como que a empresa contrata, como são os talentos. Então, problema número 1 a ser resolvido: tem alguém que entende de RH naquele conselho? Será que não dá para convidar alguém que entenda de Inteligência Artificial? Problema número dois: que ferramenta o conselho pode ter para estar a par de tudo isso? Se eu quero uma informação sobre manufatura, como eu entendo muito rápido aquilo? Como eu sei muito rápido quem são as empresas? Como entender muito rápido o que está acontecendo no mercado? Então, eles começarem a usar essas ferramentas que trazem dinamismo é extremamente importante, porque ajuda no desenho estratégico. Se não tiver isso, o concorrente vai estar fazendo, reduzindo custos ou vai estar com um funcionário melhor preparado, com toda a transformação digital ocorrendo, e ele vai estar na defensiva esperando o que vai acontecer no mercado.

Boardwise: A transparência e a prestação de contas são aspectos fundamentais da governança corporativa. A Inteligência Artificial pode ser usada para melhorar a transparência e garantir a conformidade com regulamentos e padrões éticos? Como?

Luiz Neto: Eu acho que tendo a política estabelecida, ela é capaz de entender, gerir os documentos e entender o que está acontecendo na ponta, sem um humano fazendo a análise. Esse tipo de informação, se você tiver as duas pontas conectadas no sistema de Inteligência Artificial, você consegue absorver as duas informações e o sistema analisar do outro lado, então pode criar alertas sobre isso. Dá para fazer muitas coisas relacionadas a dados, instruções e políticas.

Boardwise: No exterior, o que você tem visto de uma ação voltada para conselho de administração no que diz respeito à Inteligência Artificial?

Luiz Neto: O que eu conheço que acontece, por ter amigos que participam, é que eles estão sendo convidados a participar periodicamente de reuniões de conselho para trazer a pauta de Inteligência Artificial. E aí segue algum tipo de estrutura dependendo do core da empresa, os objetivos da empresa, mas existe essa discussão formal dentro do conselho de como está acontecendo, quais projetos vão tocar, onde estão as oportunidades e onde estão os ganhos para começar a aplicar isso.

Boardwise: Você prevê algum prazo para a Inteligência Artificial fazer parte do dia a dia das grandes empresas?

Luiz Neto: Eu acho que um ano e meio, mais ou menos. Eu estou falando isso baseado no que eu estou vendo de projetos aqui [Vale do Silício] e em uma pesquisa do Boston Consulting Group (BCG).

Luiz Neto para Boardwise da Ânima Comunicação em Governança

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Imagem de um homem branco ao centro com uma camisa jeans. Ao fundo, uma sala com luminárias amarelas.