Artigo 14/11/2023

Relatório de sustentabilidade: o fim do greenwashing nas empresas?

Por Larissa Caetano

Os investimentos sustentáveis cresceram nos últimos anos, e uma das maiores preocupações do mercado era a falta de padronização para a comparação de ativos. Por mais que reguladores começassem a agir, muita gente ficava de mãos atadas para evitar o greenwashing -prática enganosa que consiste na falsa divulgação de medidas sustentáveis pelas corporações, e já evoluiu para outros temas como socialwashing.

Esse cenário vai mudar nos próximos anos, quando as normas inaugurais emitidas pelo Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês) começarão a entrar em vigor.

O mercado de capitais em todo o mundo iniciará uma nova era de divulgações relacionadas à sustentabilidade, a partir do clima. E, assim, as empresas serão transparentes sobre o impacto das mudanças climáticas em seus negócios.

Em meados de 2023, o ISSB divulgou as duas primeirsa regras: IFRS S1 e IFRS S2. O S1 aborda a estrutura conceitual básica dos relatórios, em linha com o que já existe nas normas de contabilidade. As regras seguintes, a começar pela S2 que aborda o clima, serão temáticas.

A adoção dessas diretrizes não é obrigatória e cada país decidirá se vai passar a exigi-las das empresas. O Brasil saiu na frente e foi o primeiro país a anunciar a adoção das regras pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os primeiros relatórios de sustentabilidade que serão produzidos sob os novos critérios, serão conhecidos a partir de 2025, ainda de forma voluntária.

O passo seguinte partiu da Austrália. O Conselho Australiano de Normas Contábeis publicou um rascunho das normas de relatórios de sustentabilidade do país, disponível para consulta até 1º de março.

A expectativa é que outros países como Canadá, Reino Unido, Japão, Cingapura, Nigéria, Chile, Malásia, Egito, Quênia e África do Sul considerem utilizar essas normas.

A decisão representa um avanço significativo na busca por um padrão consistente e abrangente no campo da sustentabilidade corporativa, e a expectativa é que as companhias sintam-se mais pressionadas a divulgar como as mudanças climáticas afetarão seus negócios.

Não se trata, no entanto, de uma solução final para os problemas relacionados ao greenwashing. Esse é apenas o pontapé inicial.