Novas regras simplificam relatórios ESG
Os novos padrões IFRS S1 e S2, lançados pelo Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês) tendem a impactar as divulgações relacionadas ao clima e à sustentabilidade. Isso acontecerá à medida em que oferecem uma padronização global das informações e serão utilizados em diversas jurisdições. Atualmente, mais de 20 países endossaram ou afirmam que exigirão esses novos padrões. E a expectativa é que o número chegue a 140, uma adoção seja similar aos padrões internacionais de contabilidade IFRS.
O Brasil foi um dos pioneiros, ao anunciar a adoção das regras pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os primeiros relatórios de sustentabilidade que serão produzidos sob os novos critérios no país serão conhecidos a partir de 2025, ainda de forma voluntária.
Uma pesquisa com executivos aponta que o maior problema com ESG é a diversidade de frameworks (sistemas para padronizar o relatório e divulgar métricas) e regulamentações conflitantes e sobrepostas, estimados em cerca de 600 em todo o mundo. A consultoria Wolters Kluwer identifica “múltiplos frameworks ESG” como um dos cinco maiores obstáculos à eficácia dos relatórios.
Os novos padrões IFRS S1 e S2 buscam incorporar os mais relevantes padrões existentes em um único padrão. O objetivo é fornecer aos investidores dados que conectem ESG e risco financeiro ou retorno nas empresas. A iniciativa responde à pressão dos investidores, que priorizam o desempenho financeiro ao comprometer capital em ESG.
Os padrões S1 e S2 são de materialidade única, cobrindo impactos ESG nas empresas. O S1 foca em todos os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que podem impactar o fluxo de caixa, acesso ao financiamento ou custo de capital no curto, médio e longo prazo. O S2 especifica divulgações relacionadas ao clima, devendo ser aplicado junto com o S1.
A implementação dos padrões é complexa, mas estruturada e lógica, permitindo que empresas ajustem dados às suas jurisdições e setores. Os padrões são baseados nos frameworks do International Accounting Standards Board, TCFD, SASB e Climate Disclosure Standards Board, e colaboram com o GRI. S1 e S2 também se alinham com regulamentações atuais e futuras em todo o mundo, reduzindo o fardo de relatórios para as empresas.
O objetivo é “interoperar” com outros padrões, facilitando a adoção do S1 e S2 por empresas que já utilizam frameworks existentes. Os dados de desempenho reportados sob S1 e S2 devem ser apresentados em relatórios financeiros regulares, junto com dados financeiros.
S1 e S2 enfatizam a descrição abrangente de links inter-relacionados que podem impactar o desempenho da empresa, desde riscos macroeconômicos até riscos específicos como dívida ou cibersegurança. Destacam oportunidades, estratégias e processos que as empresas implementam para reduzir riscos e reforçar oportunidades, demonstrando impacto nos principais indicadores financeiros. Os padrões também incluem dados históricos e projetados de gases de efeito estufa e flexibilidade na quantificação de impactos.
O IFRS S1 e S2 são projetados para ter sucesso como framework global de relatórios por abrangerem dados acionáveis, atenderem às necessidades dos investidores e utilizarem uma estrutura de relatórios financeiros familiar às empresas.