Como implementar os novos relatórios de sustentabilidade
Por Juliana Schincariol
Uma das principais expectativas regulatórias para 2025 no Brasil é a divulgação dos primeiros relatórios de sustentabilidade que irão seguir os novos padrões IFRS S1 e S2 lançados pelo Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês), ainda de forma voluntária. O Brasil será um dos pioneiros nessa adoção, em uma iniciativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Ter um modelo que suporte as informações de forma clara era uma demanda antiga do mercado, que se dividia entre diferentes “frameworks”, como as do Global Reporting Initiative (GRI), Sustainability Accounting Standards Board (SASB) e Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD).
“As novas regras atendem a uma demanda de padronização, mas há desafios significativos”, afirma a advogada Fernanda Claudino, que também atua como conselheira e consultora de empresas. Como uma das principais especialistas do país no assunto, ela alerta que é necessário uma governança robusta, além da colaboração de todos os setores dentro da companhia.
“As empresas devem garantir que as informações divulgadas estejam de acordo com os compromissos já assumidos”, diz a advogada. Com as novas regras, as informações podem afetar premissas e estimativas fundamentais sobre aspectos contábeis, como a vida útil de ativos, teste de impairment, valor justo e reconhecimento de passivos, completa.
Diante desses desafios e questões, a Fundação IFRS publicou recentemente um guia de orientação às companhias, que tem como objetivo ajudar as empresas a entenderem como reportar informações relacionadas ao clima utilizando os novos padrões.
“A publicação desse guia faz parte do compromisso do ISSB de apoiar a implementação dos padrões ISSB, auxiliando as empresas na preparação das informações e garantindo que os investidores recebam dados úteis para a tomada de decisões”, destaca a entidade.
Para responder a preocupações do mercado sobre a disponibilidade de dados e a capacidade das empresas de fornecer informações sobre riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade, o ISSB decidiu oferecer alívios de transição nos padrões, incluindo o chamado "alívio de transição focado no clima", que é o foco deste novo guia.